segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Bom dia! Esse e outro projeto que desenvolvemos:


PROJETO
Jardim, um pequeno mundo perto de mim, conhecendo o ambiente do jardim.
Agrupamento: EI-F
Faixa Etária: 5 a 6 anos de idade
Educadoras:
Mônica Melo de Rezende
Severina Maria da Silva

Projeto: “Jardim: um pequeno mundo perto de mim”, conhecendo o ambiente do jardim.
Justificativa:
O trabalho da professora Maria Nelsa com uma experiência de germinação despertou nas crianças uma alegria e interesses contagiantes. Em razão dessa constatação, percebemos que a exploração dos elementos da natureza, a observação dos processos de transformação não só podem mobilizar o interesse das crianças como fazê-las perceberem de que elas mesmas passam por mudanças. As vivências de plantio e comparação de elementos dos próprios canteiros do CMEI bem como de seus pequenos moradores podem ajudar  a construir atitudes de cuidado e zelo que podem se estender do jardim para as relações entre si ( relações criança/ criança) e diminuir atitudes de agressividade.









Intencionalidade:
1. Propiciar vivências e o contato com os ambientes próximos ajardinados e passeios externos para observar plantas, animaizinhos, e construir conceitos e atitudes de conservação e preservação do ambiente.
2. Construir elementos para a compreensão de que os seres vivos passam por transformações.
3. Coletar pequenos bichinhos para a observação de suas características de modo a tentar classificações construídas pelo olhar curioso das crianças.
4. Através de atitudes de cuidado e zelo com plantas, estimular essas atitudes positivas no grupo.
5. Explorar por meio do plantio de diversas espécies a construção de algumas modalidades de paisagismos em pequenos vasos e recipientes para  reciclagem.



Ações significativas e relatos e de experiências:

1.         Leitura de história, poesias, parlendas, textos científicos, textos informativos, receitas;
2.         Representações com desenhos, colagens, pintura, modelagem de elementos explorados nas vivências;
3.         Modelagens com massinha, argila.
4.         Passeios exploratórios no jardim do CMEI na praça da Igreja, no viveiro Oficina da Terra, no SINDCLUB, a vila ambiental do Parque Areião, ao novo Parque Cascavel.
5.         Relatórios coletivos dos passeios em que o professor regente é o escriba.
6.         Coleta de animaizinhos de jardim para posterior observação e devolução ao ambiente.
7.         Paisagismo num canteiro ou parede para que as crianças vivenciem momentos de plantio, rega e manutenção dos mesmos. Formar canteiro de morangos.
8.         Reutilização de materiais recicláveis tanto no paisagismo quanto na elaboração de arranjos suspensos dentro da temática confeccionado pelas crianças.
9.         Apresentação de peças teatrais (Confusões no jardim, Chuvarada, Girabelinhas)
Seguem os relatos de experiência com base nas ações significativas pensadas:
Relatório diário 24/04/09
No retorno do lanche fizemos uma roda e relemos a história “A Chuvarada”. Ao pedir que cada criança recontasse a história a seu modo, o Wesley iniciou dizendo: Era uma vez a chuvarada. Sara mencionou a parte da Joaninha que se protege  da chuva com uma flor. Em seguida o Diego completou: O grilo pulou no galho mais alto e ficou ensopado. Complementando a história o Guilherme disse. O tatu bola caiu e quase se afogou. Desse modo a história foi sendo construída Por cada criança. Nesse processo de reelaboração da história pelo grupo eu fui anotando e em casa vou registrar esse texto coletivo. No parquinho as crianças procuraram insetos em seguida passaram a recreação: shopping, corda, casinha e pato-ganso. A brincadeira do pato-ganso foi uma sugestão do Jhonathan que aprendeu a brincadeira com a professora Maria Nelsa no matutino.
Obs: Novamente a Sara foi uma das crianças que não lanchou iogurte, mas como ela  é muito ativa e despende muita energia na corda e nas brincadeiras mais movimentadas suas porções no jantar são generosas. Ela sempre prefere a comida de sal a qualquer lanche.

Relatório diário 23/04/09
Voltando do lanche na roda discutimos sobre como acontece a chuva pois levei as crianças a explicarem se o que acontece é realmente chuva no livro “A Chuvarada”. As crianças afirmaram que não passava de um banho de mangueira. Cada criança foi comentando sobre a “Chuva” enquanto a Severina anotava as suas concepções. Foi possível perceber que o aspecto da religiosidade marca as concepções das crianças dando a elas um viés criacionista como pode se observar nas falas abaixo: Diego, “A chuva caiu do céu”. Sara “Deus manda chuva. João Vitor: “A chuva cai forte porque Jesus mandou”; Ana Clara, “Deus manda molhar as plantas”. Maria Eduarda,”Os anjos ajudam a fazer a chuva; Sthefany, Tem trovões; Luis Fernando, Se a gente ficar de fora a gente molha; Jhonathan, “Deus manda a chuva cair e a gente tem abrir o guarda chuva. Guilherme;”Deus faz a chuva para cair no chão para molhar as plantas. João Vitor quando a gente chora chove. Já a Gabriela pontua uma certa percepção lógico-formal; Se não chover, os rios secam, quanto mais chove mais os rios ficam fundos. Nesse momento intervi explicando um pouco sobre o “Ciclo da chuva”. Gostaria de levar as crianças a cozinha para que pudessem observar o processo de fervura da água (Contudo o acesso não é possível). Fomos ao parquinho e as crianças brincaram de corda e lançaram mão de parlendas numéricas fizeram contagens até 17. Em seguida por sugestão do Jhonathan elas ou melhor parte delas brincaram de Pato-Ganso uma brincadeira parecida com corre-cutia. Percebo uma maior integração entre meninos e meninas, neste tipo de brincadeira e na brincadeira de pular corda.Jantar tranqüilo as crianças tem se mostrado interessadas nos combinados do refeitório. A turma como um todo aprecia o jantar e até o Jhonatham está começando a comer pequenas porções.
Obs: Nossa atividade envolveu o enfeite de bichinhos com desenhos da temática jardim. Compomos o mural com eles e depois lemos nossa história coletiva. Algumas crianças desenharam o filme “Vida de inseto.

Relatório diário 24/04/09
Retornando do refeitório lemos a prometida história; A bruxa Salomé”. Olhos atentos e curiosos acompanharam a leitura. Jamais vi tanto interesse no Gustavo Rodrigues por uma história desta vez foi ele que pediu silêncio. A turma ouviu atentamente e participou completando o texto em alguns momentos, por predição outros por repetição. A história nos foi emprestada pela Tany.
Na roda perguntei sobre os insetos o Wesley afirmou que eles tem seis patas, também conversamos sobre o fato de insetos não terem ossos. Perguntei as crianças se sabiam o que eram ossos, esqueleto. Eles tocaram a última vértebra da coluna e, disseram que o osso é duro. Quando perguntei o que era esqueleto o Diego disse: “É pra gente ficar de pé”. Falamos sobre a dengue que é transmitida por um inseto. Quando fomos ao parquinho somente a Duda se mostrou motivada a limpar o capim das jardineiras comigo. Assim mesmo o Gustavo Henrique, o Jhonatham e a Sara também ajudaram. O Gustavo Rodrigues estragou o balancinho. Ele e João Vitor a Sara, a Maria Eduarda, o Jhonatham andaram sobre a mureta do quiosque. Percebi um esforço do Jhonatham de integrar-se nas brincadeiras, depois eles brincaram de corda e pato-ganso.
No quiosque a brincadeira de pato-ganso mostrou-se mais emocionante o piso era liso. O Daniel juntou-se ao grupo. Jantar tranquilo.
Relatório diário 29/04/09
Voltando do lanche na roda lemos a história “Confusões no jardim”. Seguidas vezes lemos o texto para que as crianças memorizassem fragmentos da história. Em seguida passamos a dramatização da história. Tentei fortalecer na Gabriela a confiança e a estimulei a narrar a história como se fosse a dona do jardim. Meio receosa e tímida ela aceitou o desafio. O Matteus aceitou o papel de sapo. A Ana Clara será nossa gata dengosa. A barata por sua vez será a Gracielly.
O grilo manco ficou a cargo do Diego. O Guilherme fará o preguiçoso caramujo. A Sthefany um delicado vagalume. A mariposa achou muita graça. A minha gente estrela com fumaça? será a parte da Sara. E para fechar com chave de ouro a risonha formiga que fará a Maria Eduarda. Já no primeiro ensaio as crianças se divertiram muito.

Relatório diário 11/05/09
Voltando do lanche nos dispomos em círculo e na roda da novidade apresentei a lanterninha japonesa (ou será chinesa?!). Mostrei uma muda e uma flor. Fomos todos juntos identificando as partes da planta apresentada. Quando fui perguntando para que servia a raiz o Gustavo Rodrigues afirmou serve pra planta ficar em pé. O Diego, pra furar a terra. Aproveitando o senso comum eu acrescentei que a raiz não só fixa a planta na terra como tira os nutrientes (seu alimento) da terra. Todas as crianças identificaram as partes raiz, folha, flores contudo o termo caule pareceu novo a todos. Após a roda fomos aos canteiros e plantamos além da lanterninha uma tumbérgia. Voltamos a sala para que todos se trocassem para o banho de ducha.Como algumas crianças não quizessem o banho frio e algumas até por recomendação familiar eu as banhei em sala depois. (como no caso do Diego, já o Jhonathan negou-se ao banho e a Gracielly, não banhou como nos pediu a mãe). As crianças que banharam divertiram-se muito e até mesmo a Hizabela que vomitara todo o almoço na hora do lanche quis banhar-se segundo ela era para tirar aquele cheiro. Para as que não banharam na ducha dispus os peixinhos de plástico que ainda estavam secando e os bloquinhos de madeira.
O Jhonathan brincou muito com as pecinhas de blocos lógicos o Luis Fernando alternava banho e brincadeira com os blocos. O Diego brincou de arremessar macaquinhos. Ao retornarmos para a troca de roupas, o Diego banhou. Nos dispusemos em roda logo após o desafio que lancei as crianças esparramei os peixinhos na sala para que cada um pegasse o máximo de peixinhos que conseguisse. Foi muito proveitoso o momento trabalhamos com contagem, seriação, comparação de quantidades. Pude observar que na sala a Sara é a que mais domina a contagem em série, chegando até 39 oralmente. Contudo todos desconhecem números acima de três dezenas. Eles acharam muito divertido perceber que após cada dezena repetem-se e um, e dois, e três etc. Observei que o João Vitor ainda não domina a contagem em série até 20. O Gustavo Rodrigues ficou bem ligado na atividade. Uma coisa bastante divertida foi o esforço da Maria Eduarda e da Sara de ajudarem a Sthefany a pegar mais peixes ela ficou com 78 peixinhos contados 1 a 1 coletivamente. No retorno do jantar todos desenharam a atividade de contagem dos peixinhos e dava gosto ver a satisfação da Sthefany com a ajuda das colegas.
Relatório diário 12/05/09
Quando voltamos do lanche fizemos a roda ouvimos seguidas vezes a música Leilão de Jardim (poema musicado por Décio Marques). As crianças estavam um pouco dispersas e não foi bem o que eu esperava. Retomei aspectos de compreensão leitora do poema (ambiente, elementos, “narrador”).
A Maria Eduarda conseguiu imaginar o autor do leilão como sendo criança pois só uma criança poderia vender formigueiro, sapo. Como o poema menciona um ninho, trouxe um ninho com uma casca de ovo quebrada vestígio de um filhote de passarinho neste momento as crianças ficaram mais interessadas pegaram com cuidado no ninho e foram passando de mão em mão. Nesta hora ouve um pouco de atropelo todos queriam contar histórias de passarinhos. Expliquei que aquele ninho só foi trazido porque já tinha sido abandonado pelos filhotes. Também falei que se tratava de um ninho de rolinha. A Gabriela comentou que na casa da avó dela aparece muita rolinha. Em seguida todos fizeram seus ninhos de atadura pintados de guache marrom e enfeitaram os módulos de passarinho que entreguei. João /Vitor tem realizado as atividades mas de um jeito pouco interessado. Fizemos uma pausa para explicar a demora para ir ao parquinho porque algumas crianças como o Luís Fernando e o Diego haviam sujado muito as mesinhas. Expliquei que por isso estávamos demorando porque tínhamos de limpar o excesso. No parquinho brincaram de corda João Vitor, Matteus, Guilherme, Daniel, Sthefany, Sara, Maria Eduarda e Gracielly. Foi a primeira vez que a Maria Eduarda quis participar nas atividades que envolvem coordenação motora ampla ela demora mais tempo até conseguir realizá-las, mas o mais significativo é que isto não a faz desistir. Ela chegou até mesmo pular corda. A incentivei a continuar tentando e ela conseguiu um pouco. O Daniel ainda não consegue pular corda mas isso não o faz desistir, o que é muito bom,. Sara, Sthefany, Gracielly, Guilherme, João Vitor e Matteus dominaram bem a corda. As outras crianças dispersaram-se nos outros equipamentos do parquinho e  no quiosque. O Gustavo Rodrigues e o Jhonathan apreciaram o balancinho. O Luis Fernando também. O Diego gostou muito de ficar no quiosque.
Relatório diário 14/05/09
Ao voltarmos do refeitório ensaiamos a peça Confusões no Jardim “A Gabriela mostrou-se mais segura e já memorizou parte do texto. Algumas crianças que não haviam se interessado pela dramatização resolveram participar (Daniel, Luis Fernando, Gustavo. Fomos ao parquinho o Jhonathan desenhou lindos grafismos parecidos com “mandalas” em linha. Algumas crianças menores andaram sobre seus desenhos como se fosse uma trilha. O Diego pulou corda sobre o desenho. Num outro lugar do parquinho ele desenhou formas triangulares e disse que era uma escada. As crianças continuam gostando de pular corda mas a novidade é que a Maria Eduarda que tem mais dificuldade com atividades movimentadas e que agem o controle motor geral. Ela se empenhou e está começando a pular corda,está bastante motivada. O Daniel está nas mesmas condições, começando a aprender. O Gustavo Henrique está tentando ficar quieto o que é  muito difícil para ele que é bem ativo. Está até um pouco tristonho. No jogo de bola o Wesley acertou a bola no Matteus ele chorou mas segundo a coordenadora não foi nada grave. Ela foi comunicada na hora. Embora este seja um dos fatos mais comuns naquele contexto do CMEI em todos os agrupamentos. No retorno ouvimos o CD “Trem da História” na sua faixa “O monstro”. Tentamos trabalhar com o elemento surpresa da história a partir de luzes apagadas, todos deitados e de olhos fechados. O monstro na história é um trem. As crianças brincaram um pouco com blocos lógicos. Ainda em tempo as cordas pequenas foram usadas para puxar a gangorrinha (Sara, João Vitor).
Obs: A Maria Eduarda mostrou-se sensível e febril. Ela e Gracielly tomaram seus medicamentos.
Relatório diário 15/05/09
Logo que cheguei a Coordenação se reuniu conosco os professores. A Severina ficou com as crianças. Quando retornei fizemos a roda, cada criança pegou uma letra do alfabeto e a apresentou para o grupo. Em seguida fui chamada a Coordenação para que me reunisse com a Apoio Pedagógico. Quando retornei à sala fizemos uma dinâmica de relaxamento de olhos fechados e deitados em círculo ouvimos a história musicada “A Nuvenzinha triste” do CD Bia Bedran. Canta e Conta 2.
Bibliografia
Histórias Infantis: A Chuvarada, Confusões no Jardim, O segredo da Lagartixa, A nuvenzinha triste, Ou isto ou aquilo ( Coletânea de poesias de Cecília Meireles), Classificados poéticos (Roseana Murray).

Revistas: Recreio, Ciência Hoje.

DVDs: “Vida de inseto”, Horton e o mundo dos Quem.

Músicas: Alecrim, Piada de dois mutuns, Sabiá bem-te-vi, As quatro estações de Vivaldi, Leilão de Jardim ( poesia musicada), Girabelhinhas.
Obras de Arte: Reproduções de Monet, Matisse.
Avaliação: A Partir da observação e do contato com a natureza nos ambientes próximos foi possível observar uma atitude de curiosidade para com o ambiente do CMEI, muitas das crianças envolveram-se nas atividades de rega de plantas inclusive dos moranguinhos doados pelo Gustavo Henrique.
Algumas delas se interessaram também pela rega do ambiente próximo ao refeitório que foi ornado com as jardineiras de reaproveitamento. Na roda de conversa aprendemos sobre os insetos, suas características, sua importância na natureza, mas também discutimos sobre a dengue e seu transmissor. Foi um tempo-espaço de aprendizagem e descobertas.




terça-feira, 31 de agosto de 2010

Baú da memória, cada um tem sua história

Quero partilhar com você o meu trabalho na Educação infantil nessa nossa busca pelos achadouros de infância.Esse foi um projeto que buscava ampliar o contato das crianças com a idéia de que todos temos uma história.

PROJETO Baú da memória, cada um tem sua história.
Agrupamento: EI-F Faixa Etária: 5 a 6 anos de idade
Educadoras:Mônica Melo de Rezende e Severina Maria da Silva

Projeto: Baú de memória, cada um tem sua história.


Justificativa: Buscar na memória afetiva do grupo e de seus familiares através de suas histórias de vida a relação entre memória e história e o reforço nas crianças de atitudes e valores como respeito as diferenças, amizade, compreensão. Com isso gostaríamos de favorecer o diálogo entre as diferentes gerações (avós, pais, netos, filhos, tios, etc.) e dar visibilidade aos diferentes tipos de família possíveis. Sendo assim através de vivências humanizadoras, esperamos agregar a vida de nossas crianças, a troca de experiência com pessoas mais velhas como algo enriquecedor de suas humanidades.

Intencionalidade:
Explorar a literatura infantil bem como o gosto pela mesma. Trabalhar situações mais afetivas, viabilizando valores como amizade, compreensão, respeito, solidariedade, diálogo.

Intercambiar trocas de informações entre diferentes gerações resgatando a memória das famílias.

Explorar o conceito de memória como elemento constitutivo das histórias de vida individuais e da história coletiva do grupo.
Observar objetos de diferentes épocas.

Ações significativas e relatos de experiências

Leitura de Histórias: Guilherme Augusto Araújo Fernandes e a Colcha de retalhos.

Leitura de poemas: Bizazinha de Pedro Bandeira

A partir do livro “A colcha de retalhos” trabalhar com a memória afetiva das crianças e confeccionar uma colcha de memórias de retalhos de papel com desenho.
Com base no Livro Guilherme Augusto Araújo Fernandes e da exploração da compreensão leitora das crianças, criar a dinâmica baú da memória onde cada criança traz numa caixa de sapato objetos de seu primeiro ano de vida. Partilha com o grupo de memórias de família suscitadas pelos objetos. Fazer colagens sobre a caixa (decoupage).

Trazer fotos, objetos e músicas para contextualizar uma época desconhecida pelas crianças. Usando um rádio antigo, músicas do Elvis Presley e fotos dos anos 50 na revista Nossa História, Anos JK.
Entrevistar uma avó ou bisavó de uma das crianças, intercambiar o diálogo entre diferentes gerações, colher informações de caráter coletivo no relato pessoal dela, viabilalizar aprendizagens a partir desta vivência. Montar ambiente de acolhida para a entrevistada para propiciar seu relato e uma melhor interação com as crianças ( chá com bolo e flores).

Segue abaixo o relato de experiência com base nas ações significativas:

Meu nome é Mônica Melo de Rezende. Sou professora da Rede Municipal de Ensino de Goiânia desde 1992. Especialista em Educação Infantil e Mestre em Educação pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atualmente sou professora regente do agrupamento EI-F de crianças de cinco anos de idade do Centro Municipal de Educação Infantil “Dra. Elizabeth Pinto Ribeiro”, junto com a agente educativa Severina.
Costumamos comparar a personalidade da nossa turma a de um “formigueiro” agitado e intenso. É um grupo muito participativo, mas com dificuldades de escuta e percepção de limites. São crianças que exigem muita inventividade e alternância na proposição das atividades já que ficam tempo integral no CMEI e já se encontram há muito tempo na instituição, muitos deles desde o berçário. Como os eixos de nossa proposta política-pedagógica são o cuidar, educar e brincar, não há um foco na alfabetização, contudo o trabalho envolve o desenvolvimento da criança por meio do contato e da exploração das mais diversas linguagens (música, teatro, artes plásticas e outras).
Dada essa necessidade de ampliar a escuta e a percepção das crianças de sua pertença a um coletivo e de trabalhar a relação criança-criança e criança família, comecei a buscar as bases para o desenvolvimento de um projeto que se voltasse a historicidade das crianças e de suas famílias e que contribuíssem para a melhoria das relações interpessoais no grupo através da valorização de suas histórias de vida. O eixo de nosso projeto foi o trabalho com a memória, categoria que explorei em minha dissertação de mestrado e a qual eu acalentava o desejo de explorar com crianças. A memória no relato oral foi eleita por mim como fonte de informações para coletar a história familiar, por isso também se fez necessário construir um conceito de memória com as crianças. Mas como trabalhar o conceito de memória com crianças tão pequenas? O caminho escolhido para essa construção foi a proposição de algumas vivências que visavam desenvolver a capacidade de observação, discussão e registro de mudanças e permanências, de semelhanças e diferenças, relacionadas ao próprio tempo histórico das crianças. Assim nasceu o projeto “Baú da memória: cada um tem sua história”.

Nesse projeto baseamos na afetividade e na memória das crianças do agrupamento e de suas famílias o reforço de atitudes e valores como amizade, compreensão, respeito, escuta do outro. Com isso, tentamos ressaltar a importância do diálogo entre as diferentes gerações nas famílias. Esse resgate dessa memória afetiva no projeto buscou através da metodologia de história de vida a construção também de um conceito de memória através da exploração das histórias: “Colcha de Retalhos”, de Nye Ribeiro Silva e Conceil Corrêa da Silva (Editora do Brasil); “Guilherme Augusto Araújo Fernandes”, de Mem Fox (Editora Brinque-Book; de objetos pessoais das crianças em seu primeiro ano de vida e de objetos e músicas da Década de 50; e da entrevista da bisavó, dona Giselda, de uma das crianças, o Wesley.



Para enriquecer o momento da leitura da história “A Colcha de Retalhos” contamos com a preciosa ajuda da Maria Eduarda, que levou a colcha de retalhos que sua Avó lhe presenteou em uma de nossas vivências, a vida imitando a arte ou será a arte imitando a vida. Ela, a Ana Clara, a Sara e a Sthefany foram para fora da sala com a colcha, e eu motivava as crianças dizendo que a história que iríamos ler tinha um nome do objeto que as meninas traziam nas mãos. Escondidas atrás da colcha, as meninas entraram na sala. Enquanto isso, as crianças arriscavam-se: É um lençol? É um cobertor? Até que falaram é uma colcha. Perguntei de que era feita e alguns disseram de pedaços de pano. Maria Eduarda, mais que depressa, respondeu: É de retalho gente! No roda iniciei a leitura da história que fala da relação de uma avó e de um neto e que gira em torno de uma colcha de retalho. O tema da saudade e da memória abordado na história foi explorado a partir também dos relatos das crianças sobre as coisas que lhes davam saudade. Esse trabalho com a memória afetiva das crianças trouxe um momento bastante pungente como a fala do Luiz Fernando: Eu sinto saudade do vovô Antônio que ta lá no céu, eu não conheci. Na verdade a memória de seus pais partilhada com ele foi contemplada, o que comprova o que Maurice Halwbachs fala ao dizer que parte das nossas memórias nos são repassadas nos grupos de pertença, por nossos pais, avós etc. Cada criança foi relatando a saudade que tinha e, assim, demonstraram sentir falta de pessoas e não de coisas (relatório diário - 5\5\2009) para mim isso parece bastante positivo. Num mundo de consumo e onde o essencial tem tão pouco valor, as crianças carregam valores mais humanizadores. A partir daí, cada criança fez um registro com desenho e nós montamos uma colcha de retalhos, caleidoscópio de nossas memórias.



A partir da história “Guilherme Augusto Araújo Fernandes” trabalhamos o conceito de memória e sua relação com os sentidos, fomos depois da leitura colhendo as hipóteses sobre o que é a memória tentando buscar a compreensão desse conceito junto às crianças. A maior parte das crianças associou a memória ao jogo da memória, mas a Maria Eduarda e o Diego associaram, respectivamente, a aquilo que se lembra e à cabeça. Na história, Guilherme é um menino que ajuda sua vizinha Dona Antônia, moradora de um asilo vizinho à sua casa, a recuperar a memória. Para realizar seu objetivo, primeiro Guilherme tem que compreender o que é a memória. Essa compreensão eu e as crianças estávamos construindo na discussão da história. Os outros velhinhos, personagens da história, vão dando pistas sobre o que é a memória (algo quente, algo antigo, algo que vale ouro, algo que faz chorar, algo que faz rir). Nesse momento conduzi as crianças à percepção de que tudo que guardamos na memória nos vem pelos sentidos (visão, olfato, audição e paladar). Pois podemos lembrar de coisas pelo cheiro, através de uma música ou imagem etc.


Como na história, Guilherme ajudou Dona Antônia juntando objetos numa caixa, propus que as crianças trouxessem seus ‘baús de memória’, caixas com recordações guardadas por seus pais. Meu intento era de que, ao pedir tais objetos aos pais, as crianças conhecessem mais de suas histórias. Como as crianças não entenderam, a princípio, o que propus, no outro dia levei o meu ‘baú de memória’, um cesto de palha com objetos pessoais que marcaram minha história de vida (roupas, fotos, perfumes etc) sobre quatro mesinhas dispus uma toalha de mesa que foi presenteada a minha mãe quando eu tinha 7 anos e que, ao me casar, ela me deu. Partilhei com o agrupamento minhas recordações trazidas nos objetos. Com atenção e curiosidade os objetos eram recebidos pelas mãozinhas das crianças.

No outro dia praticamente todas as crianças haviam levado seus objetos pessoais (coisas de bebê) em caixas de sapato. Ansiosas por mostrar seus objetos pessoais, elas foram, uma a uma, mostrando suas preciosidades (relatório diário 20\5\2009). Levaram mantas, roupinhas de bebê, sapatinhos, fotos e até a primeira paganzinha o Luiz Fernando levou. A maioria falava das recomendações das mães para não sumir, ali haviam tesouros guardados por aqueles pais e era muita responsabilidade lidar com eles. Foi um momento único, um misto de orgulho e emoção, suas histórias ali em pequenos objetos. Registramos o momento com fotos e desenhos e o Gustavo Rodrigues me surpreendeu, pois conseguiu representar em seu desenho a disposição das quatro mesas cercadas de cadeiras, demonstrando um avanço na percepção de espaço.
Dando segmento ao projeto “Baú da Memória” (relatório 27\5\2009) levei para a sala de aula um rádio antigo da década de 50, ouvimos os sucessos de Elvis Presley e observamos as fotos de revistas. Nossa história – Os anos JK. As crianças, ao verem o rádio, tentaram adivinhar que estranho objeto era aquele. O Gustavo Henrique disse que era um som. Mas foi a Gabriela que identificou o rádio. Eu expliquei que aquele objeto tinha 50 anos. As crianças perguntaram se ele funcionava, eu disse que não, pois faltavam as pilhas. Quando coloquei perto do antigo rádio nosso aparelhinho de som, sugeri que as crianças identificassem as diferenças entre os mesmos. Uns observaram que o rádio era antigo, que era feito de madeira, que tinha botões, que era mais pesado. Já, quanto ao aparelho da sala, observaram que era preto, menor, que era de um plástico duro e que tinha lugar para tocar CD. Comentei com as crianças sobre as Copas do Mundo de Futebol, informando que naquele rádio o meu sogro ouviu a Copa de 1958. Ouvimos o CD do Elvis Presley, as crianças acharam engraçado a musicalidade dos anos 50. Em seguida eu passei de mão em mão a revista Nossa História – Anos JK. Perguntei se as crianças conheciam Brasília e que Brasília tinha exatamente 50 anos. A Maria Eduarda disse que sempre vai a Brasília pois tem tios lá. Nessa hora a Gabriela perguntou: Quantos anos tem Goiânia? Depois eu disse 75 anos. Após essa exploração, expliquei às crianças que os objetos são a memória das épocas e nos informam diferentes características de cada período. A música, o objeto e as fotos da revista foram o esforço de contextualizar alguns aspectos de um período, eles são as marcas de uma época.

Finalizamos o projeto “Baú da Memória” com a entrevista de Dona Giselsa, bisavó do Wesley. Decoramos o espaço próximo ao quadro com cortininhas brancas e forramos uma mesinha da sala com uma toalha de rechilieu branca e, sobre ela, colocamos uma chaleira com chá de capim cidreira, o delicioso bolo de milharina da Severina (agente educativa) e um vasinho de violetas, com o qual o Wesley presentearia a bisavó para agradecer-lhe a contribuição ao nosso projeto. Já eram 14h30 quando a bisa Giselda chegou, as crianças, ansiosas, já haviam até ensaiado uma saudação. Sentadas em semi-círculo com expressões alegres cumprimentaram Dona Giselda do seguinte modo – Seja bem-vinda ao agrupamento F. Eu fiz a primeira pergunta de nossa entrevista que foi sobre o nome dela. Em seguida o Luís Fernando e o Guilherme saudaram de novo Dona Giselda. A Sara perguntou quantos anos ela tinha. Ela disse que 59 anos. A Sthefany perguntou, em seguida, quantos anos ela vai fazer. O Guilherme rapidamente respondeu: 60, Sthefany. Em seguida, a Gabriela perguntou onde ela morava. Dona Giselda respondeu que na Rua Igarapé, no Parque Amazônia. Nessa hora perguntei-lhe a quanto tempo ela vivia nesse endereço. Ela disse que há 20 anos, mas que já morou em outros bairros, como o Setor Pedro Ludovico, por exemplo. Para que as crianças pudessem perceber que os lugares se modificam, perguntei se o Parque Amazônia foi sempre do mesmo jeito. Nessa hora ela nos disse que não, que no começo havia muito mato, poucas casas e muitos ‘trieiros’ e que para ir para outros lugares, eles tinham que andar até o Setor Nova Suíça a pé para poder pegar um ônibus. Perguntei a Dona Giselda se ela era goiana. Ela me respondeu que não, que veio da Bahia com 5 anos de idade montada num jegue, acompanhando seus pais. Essa jornada durou dois meses. Disse que passou muita fome. Que não se lembra de ter brincado. Que perdeu a mãe aos 6 anos de idade. Sofreu maus-tratos de sua madrasta e que, aos nove anos, chegou descalça a uma casa de família de Goiânia para trabalhar como doméstica, mas que já trabalhou no interior próximo de Ceres antes disso. A cada relato seus olhos marejavam, tentei pontuar sobre as condições de vida de muitas crianças, tão diferentes das vividas pelas crianças no CMEI. Tudo era muito intenso e triste, eu não esperava um relato tão forte, não sei de que modo as crianças absorveram a história sofrida de Dona Giselda. As crianças a beijaram e agradeceram a sua vinda e depois partilharam com ela o lanche.

Avaliação
É difícil dimensionar o que vivemos e o alcance das aprendizagens construídas nesse processo de realização do projeto, mas considero que contribuiu para melhorar a escuta do outro pelas minhas crianças, seja esse outro um colega, um pai, um educador ou um idoso. Construímos juntos um conceito de memória e percebemos a historicidade de que somos todos portadores. Mas foi no relato de Dona Giselda que fizemos nossa maior aprendizagem e que é tão bem colocada por Ecléia Bosi: (...) O modo de lembrar é individual tanto quanto social: o grupo transmite, retém e reforça as lembranças, mas o recordador ao trabalhá-las vai, paulatinamente, individualizando a memória comunitária.
Ah! É possível, sim, falar de memórias com crianças tão pequenas!

Bibliografia
BOSI, Ecléa. Memória e sociedade, lembrança de velhos. São Paulo, Editora Companhia das Letras, 1994.
FOX, Mem. Guilherme Augusto Araújo Fernandes. Editora Brinque-Book, 1995.
HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo. Editora Centauro, 2004.
SILVA, Conceil Correia & SILVA, Nye Ribeiro. A Colcha de Retalhos. Editora do Brasil, 1995.
TODARO, Mônica de Ávila. Vovô vai à escola. A velhice como tema transversal no ensino fundamental. Editora Papirus, 2009.

Ah! É possível, sim, falar de memórias com crianças tão pequenas!E você o que acha?

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Achadouros
Manoel de Barros

“Acho que o quintal onde a gente brincou é maior do que a cidade. A gente só descobre isso depois de grande. A gente descobre que o tamanho das coisas há que ser medido pela intimidade que temos com as coisas. Há de ser como acontece com o amor. Assim, as pedrinhas do nosso quintal são sempre maiores do que as outras pedras do mundo. Justo pelo motivo da intimidade. Mas o que eu queria dizer sobre o nosso quintal é outra coisa. Aquilo que a negra Pombada, remanescente de escravos do Recife, nos contava. Pombada contava aos meninos de Corumbá sobre achadouros. Que eram buracos que os holandeses, na fuga apressada do Brasil, faziam nos seus quintais para esconder suas moedas de ouro, dentro de grandes baús de couro. Os baús ficavam cheios de moedas dentro daqueles buracos. Mas eu estava a pensar em achadouros de infâncias. Se a gente cavar um buraco ao pé da goiabeira do quintal, lá estará um guri ensaiando subir na goiabeira. Se a gente cavar um buraco ao pé do galinheiro, lá estará um guri tentando agarrar no rabo de uma lagartixa. Sou hoje um caçador de achadouros de infância. Vou meio dementado e enxada às costas a cavar no meu quintal vestígios dos meninos que fomos.”